Todos nós temos uma autoimagem, uma ideia de quem somos; forjada, desde criança, ao longo da vida, pelo que viemos escutando sobre o que falam de nós e pelo que viemos vivenciando em termos de conquistas e fracassos. E essa autoimagem nos traduz para estarmos no mundo, seja a mesma boa ou nem tanto, pois é ela que nos dá o senso de individualidade, do “ser humano”.
E por que colocar essa questão em pauta aqui? Que reflexões pode nos trazer?
Vamos lá, então. Primeiro, porque estamos nos pondo à prova a todo o momento nesse período de grandes desafios, o que nos possibilita autodescobertas fascinantes. E, também, porque com essa reflexão é possível se tomar consciência de quais influências estamos exercendo para a formação da autoimagem de nossos filhos, nossas crianças.
Voltando ao título e exemplificando o que pretendo dizer, nunca me imaginei, no alto dos meus 64 anos, instalando um computador pessoal sozinha, conectando corretamente, e de primeira, toda aquela fiação confusa de mouse, teclado, fonte de alimentação, estabilizador… Muito menos, achava-me capaz de rapidamente descobrir vários caminhos como soluções para entraves nas tarefas de trabalho com envolvimento da tecnologia.
O que posso dizer?
Sempre podemos crescer e buscar novos caminhos, novas soluções. O importante é não permitir que nossa autoimagem cristalize nossa capacidade de evoluir. Precisamos permiti-la ser dinâmica e cuidar para que tenda sempre para a positividade.
Mas, qual é a “cereja do bolo” desse texto?
É despertar para a certeza de que nossas atitudes e nossas falas sobre nossas queridas crianças, em formação da personalidade, lhes levam a absorver como esponja tudo o que lhes diz respeito. Elogiar assertivamente, sem exageros. Elogiar os esforços e conquistas, mas não a criança em si. Demonstrar confiança e acolher nos fracassos. Mostrar que fracassos todos vivenciam e sinalizam o que precisa ser mudado na direção dos acertos. Essas são dicas importantes.
Em vez de dizer “Você é inteligente”, diga “Você teve uma ideia inteligente”.
Dessa forma, não se corre o risco de a criança deixar de tentar algo diferente por medo de errar e não ser aquela ‘criança inteligente’ que proporciona orgulho aos pais. Em vez de dizer “Muito bem, meu filho, você é obediente”, melhor dizer “Que bom que você entendeu que agir assim foi melhor”.
Com isso, você evita uma atitude de subserviência a toda autoridade, que, às vezes, pode até ser perniciosa e perigosa. Enfim, é isso! Consciência de si mesmo, mas dando-se liberdade para crescer, evoluir, inclusive como pais, abraçando a própria ambiguidade, que é característica de todo ser humano.
“A educação é um processo social, é desenvolvimento. Não é preparação para a vida: é a própria vida.” (John Dewey)
Texto de Regina Gabrig, psicóloga escolar do Colégio Verbo Divino