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Como devo agir quando meu filho pratica bullying na escola?

O bullying é um problema grave, cujas consequências podem ser desastrosas, principalmente para a vítima. Dados da última edição do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Programme for International Student Assessment, PISA), de 2015, revelaram que 17,5% dos alunos brasileiros que prestaram o exame admitiram sofrer algum tipo de bullying. Ao todo, 72 países participaram da consulta, e a média geral nesse quesito foi de 18,7%. O exame é realizado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

Mas o que fazer quando o meu filho pratica bullying? Como diferenciar um excesso de uma violência irrestrita? É sobre isso que vamos falar neste post. Acompanhe!

O que é bullying e quais prejuízos pode causar?

É importante não confundir bullying com provocações e alfinetadas ― aquelas “zoeiras” que toda criança ou adolescente faz. O bullying é uma ação sistemática, praticada repetidamente e intencionalmente por pessoas que usam palavras ou ações contra alguém ou um grupo, a fim de causar angústia e risco para o seu bem-estar. 

Ainda que as pessoas possam intimidar umas às outras por causa de conflito ou antipatia, a situação é muito mais grave e sobrepõe rusgas em relacionamento interpessoal. Em geral, essas ações vêm de quem tem mais influência ou poder sobre a turma, ou que quer fazer com que um colega se sinta minimizado ou indefeso.

O bullying pode acontecer em qualquer lugar: na escola, em casa, no trabalho, nas redes sociais e até via e-mail. Pode ser físico, verbal, emocional e também incluir mensagens, declarações públicas e comportamento online destinados a causar sofrimento ou dano (também conhecido como cyberbullying). 

Veja os tipos de comportamento repetitivo que podem ser considerados bullying:

  • agir de maneira desagradável com um colega;
  • assediar com base em raça, gênero, orientação sexual, religião ou deficiência;
  • lançar olhares desagradáveis, fazer gestos grosseiros, apelidar, ser rude e indelicado, realizar provocações constantemente negativas;
  • espalhar boatos, mentiras ou deturpar alguém (ao vivo, ou invadir a privacidade da vítima, por exemplo, usando seu perfil em uma rede social para postar mensagens como se fosse o dono da conta);
  • machucar um colega intencional e repetidamente; 
  • perseguir.

Embora qualquer estudante possa ser alvo de agressores, há fatores que tornam alguns alunos mais vulneráveis ​​a sofrer bullying. Esses incluem:

  • ser diferente da maioria de alguma forma;
  • ser introvertido e não assertivo;
  • ter depressão ou ansiedade;
  • falta de amizades na escola;
  • ser muito emotivo;
  • ser exposto a violência familiar;
  • ter uma deficiência;
  • ter um histórico de trauma;
  • pertencer a um grupo minoritário, em que o isolamento ou a falta de apoio da comunidade é um problema (refugiados, migrantes, órfãos, população LGBTI etc).

Consequências

O bullying afeta todos os envolvidos de diferentes maneiras, mas é óbvio que a vítima pode sofrer consequências muito mais graves, sempre envoltas em dor, sofrimento e revolta. Veja alguns desses sentimentos: 

  • revoltar-se consigo e sentir culpa;
  • sentir-se preso à situação e não ter esperança de sair dela;
  • sentir solidão, desamparo e rejeição;
  • achar que não se encaixa em lugar nenhum;
  • ter insegurança e medo;
  • sentir-se confuso e estressado, tentando entender por que isso está acontecendo;
  • ter vergonha de si;
  • em casos mais graves, isso pode se converter para um processo depressivo delicado e suicídio. Por outro lado, pode aflorar um sentimento de “vingança” e gerar episódios trágicos, como atentados e assassinatos em massa.

O que fazer se meu filho é o agressor?

Descobrir que seu filho está provocando bullying é tão doloroso quanto saber que ele é a vítima. Portanto, mais que repreendê-lo ou simplesmente dizer que esse comportamento é errado, é importante entender o que está desencadeando esse comportamento.

Lembre-se de que há várias razões pelas quais um estudante pode praticar bullying. Em certos casos, é o produto da pressão dos colegas para se tornar mais popular. Outras vezes, é uma reação a ter sido vítima de bullying. Por outro lado, pode ser uma incapacidade de controlar impulsos e raiva, bem como reflexo de algum problema em casa.

Nesse sentido, a parceria entre a escola e a família é fundamental para interromper essas ações, por meio de um diálogo construtivo que permita despertar sentimentos de compaixão, empatia e respeito. Veja algumas ações para isso.

Investigue as causas

Ao descobrir que seu filho está praticando bullying, primeiramente é preciso demonstrar que esse comportamento é inaceitável e ele será penalizado de alguma forma. Todavia, como dissemos acima, é preciso saber o que está desencadeando essas agressões. 

Isso deve ser feito com muito diálogo e aconselhamento. Ao mesmo tempo em que ele precisa entender que praticar a intimidação é uma escolha errada, você precisa estimulá-lo a dizer como se sente e quais são seus próprios medos ou inseguranças. 

Explique claramente as consequências

Ainda que seu filho não tenha atingido a maioridade, é importante entender que bullying poderia ser um crime e, portanto, merece punição e perda de privilégios. Inclusive, em alguns casos, os próprios pais podem sofrer processo judicial por parte dos familiares da vítima por esses constrangimentos, especialmente quando são deixadas provas ― por exemplo, em ataques em redes sociais.

Em menor proporção, se ele for considerado um agressor deve saber que perderá privilégios, tanto em casa quanto na escola, até que reconsidere seu comportamento. Com isso, você deverá promover algumas ações, como deixá-lo sem ver os amigos, escalá-lo para realizar mais tarefas domésticas ou mesmo praticar alguma ação social.

Faça seu filho se colocar no lugar da vítima

Explique as consequências do bullying para quem é vítima e estimule-o a pensar sobre como se sentiria se fosse o colega que está sendo intimidado. Quando as crianças aprendem a ver as coisas de uma perspectiva diferente, elas são menos propensas a repetir essas ações no futuro. De fato, trabalhar a inteligência emocional de seu filho e fomentar a empatia ajuda muito na prevenção do bullying.

Apoie as decisões da escola

Apoiar a escola pode ser muito difícil para os pais nesses casos, mas é um passo extremamente importante. Ao fazer isso, você está permitindo que seu filho aprenda uma valiosa lição de vida. Também mostra que há consequências para más escolhas e que você jamais as corroborará. A pior decisão que você pode tomar é minimizar a situação e defender seu filho para salvá-lo de enfrentar as consequências.

Tenha atitudes preventivas

Quando o bullying é detectado antecipadamente e tratado de forma adequada, é possível que não se repita. Mas não assuma que isso é uma máxima. Então, monitore o comportamento de seu filho e continue a discipliná-lo, se necessário ― o que pode levar tempo e exigir uma dose extra de paciência. Por isso, não espere a escola chamar você para conversar. Tome iniciativa, busque os coordenadores e peça um feedback de como ele está se comportando na escola.

Como a missão da escola e sua metodologia podem coibir o bullying?

Aprender a gestão das emoções e construir sentimentos de compaixão e empatia também faz parte do aprendizado. Nesse sentido, uma escola que tem em sua missão o desenvolvimento da formação humanística, a fim de que seus alunos saibam se posicionar no mundo de forma autônoma e com respeito às diferenças e individualidades, pode ser transformadora.

Por mais que as crianças naturalmente ganhem discernimento do que é certo ou errado, uma metodologia que garanta o aprendizado de habilidades de relacionamento interpessoal, embasadas por ações que despertem o amor ao próximo e autoestima, torna-se fundamental para prevenir o bullying. Somente aprendendo a se colocar no lugar do outro e reconhecendo seus direitos, deveres e limites, a ocorrência desse tipo de agressão poderá ser menor.

Esperamos que a questão “Como devo agir quando meu filho pratica bullying?” tenha sido respondida. Agora, convidamos você a seguir nossos perfis no Facebook e Instagram para conhecer mais sobre nosso trabalho e ter acesso a conteúdos educacionais exclusivos. 

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